sexta-feira, 30 de outubro de 2015

I N D I C E DO B L O G

Clique no assunto desejado :

 Japão em números e fatos

O povo japonês

O idioma e a escrita japonesa

Oda, Toytomi e Tokugawa – unificação do Japão

Tokyo-Metro

Tokyo-Edo-Tokyo Museum

Xintoismo – santuário

Tokyo – Kappabashi Dori

Monte Fuji e Hakone

Shogun, ninja, daimyo, samurai e ronin

Tokyo – Sensoji Temple e Nakamise Street

Tokyo – Shibuya Crossing e Hachiko Statue

Tokyo – Happoen Garden

Tokyo – Kabuki e Kabukiza Theater

Tokyo – Tsukiji Fish Market

Tokyo Tower

Tokyo – Sumida River

Tokyo-Yoyogi Koen Park e Takeshita Street

Tokyo – Ginza

Nikko – Santuário Toshogu

Miyajima Island – Itsukushima Shrine

Kyoto Imperial Park

Kyoto – Nishiki Market e Teramachi Street

Osaka – Ebisu bridge

Osaka – Castle

Osaka Station

Osaka Kaiyukan Aquarium e Tempozan

Hiroshima Peace Memorial Park 01

Hiroshima Peace Memorial Park 02

Santuário Ise – Kotaijingu Temple

Pachinko – mania nacional

Comendo no Japão

Ama – mulheres do mar

Mikimoto Pearl Island

Curiosidades do Japão


Japão em números e fatos

Japão em números e fatos
map-japan800

Quadro comparativo Japão x Brasil

NUMERO JAPÃO BRASIL  
Area km2

377.870

8.514.000

População

127.450.000*

204.450.000

*2007**2014

PIB 2014 USD

4.770 Bilhões

2.245 Bilhões

 

I.D.H.

0,890 (muito elevado)

0,774 (elevado)

 

Densidade demografica (hab/km2)

337

23,8

 

Moeda : Yen, Iene, “en”.  JPY. (¥ / 円)
Religião :
60 % dos japoneses se declaram xintoistas, e 35% Budista. Entretanto, a boa parte dos xintoistas professam também o budismo, e vice-versa : a maioria dos budistas professam o xintoismo. De forma que a maioria dos japoneses frequentam templos xintoistas e budistas.

Forma de governo :
O governo é chefiado por primeiro-ministro, que rege o pais juntamente com um parlamento, chamado de Diet. O monarca (rei) trata de assuntos diplomáticos do país.


SONY DSC
Akihito, atual monarca japonês.

O parlamento é chamado de “Diet”, termo que não tem significado “gastronomico”; trata-se de uma palavra do latim mediaval, no império romano significava “assembléia”.

O povo japones

O povo japonês

Japanese people

Fui meio ressabiado para o Japão, por que sempre me diziam que nós, descendentes de japoneses residentes aqui no Brasil não somos bem vistos e bem quistos pelos japoneses. Porem, pelo menos como turistas, fomos muito bem recebidos e bem tratados pelos japoneses em geral. Eu acho que essas histórias de serem mal tratados é de degasseguis que não se comportaram bem no Japão, tiveram o merecido tratamento e voltaram resmungando, vendendo a falsa imagem de japones mal educado.

É um povo super educado, disposto a ajudar. O povo japonês tem um sentimento de coletividade muito forte, parece que está sempre preocupado com o próximo, com a sua comunidade; por isso procura não incomodar ninguém, não suja as ruas, não fala alto nem fuma nos lugares públicos. Sempre cumprimenta todos efusivamente, e não maquinalmente, por obrigação, e agradece por qualquer coisa, por menor que seja.

É também um povo muito capitalista, voltado ao lucro, aos negócios.

O trabalhador japonês é extremamente dedicado a empresa que trabalha, e tem aos clientes um respeito muito grande. A jornada de trabalho do japonês parece não ser extensa, mas ela é bem produtiva, dinâmica.

Os japoneses são quase todos magros, ser gordo é rara exceção. Comem pouco. Segundo me disseram, os homens fumam e bebem muito. Nas ruas, os homens que trabalham em escritório parecem ser todos iguais : calça social de cor preta ou cinza, camisa de manga comprida branca ou bege, cinto, sapatao preto e pasta a tiracolo.

Japanese people2

Cruzamento em Tokyo

As mulheres não gostam de usar calça ou short, preferem saias longas. Não gostam de tomar sol, e tem a pele branca. Como a pele branca é padrão de beleza, muitas mulheres exageram na base, na maquiagem.

O japonês tem mania de horário, de pontualidade. É extremamente metódico, organizado. Tudo é feito com planejamento, nos mínimos detalhes. Se algo não sair conforme o cronograma pré-estabelecido, ficam a estudar soluções para recuperar o tempo perdido pela falha. A mania de administrar o tempo é tanta que o japonês não arredonda : “o ônibus vai parar 8 minutos para todos irem ao banheiro”. Por quê não 10 ?

Miscigenação

É raro ver no Japão um japones casado com um estrangeiro. Japones se casa com japones, o casamento inter-racial é raro. Por isso não existe a diversidade racial que temos aqui no Brasil. E parece que o país não atrai muitos imigrantes, o povo do Japão é composto de, arriscando um número, 95% de nativos. Curiosamente, ao contratar mão de obra estrangeira, o governo japones permitiu somente a entrada de trabalhadores de origem japonesa (dekasseguis) !  Se é para vir gente de fora para trabalhar, que tenha cara de japonês !

Japão–idioma e escrita

Idioma e escrita
O japones é uma lingua originaria do chinês e de idiomas indianos, acrescida de palavras de origem inglesa, alemã e até mesmo porgutuesa.

Eu, que sou de origem japonesa, já estudei japones e conheço algumas palavras japonesas me senti um analfabeto no Japão.

Há tres alfabetos japoneses : o kanji, composto de mais de 4000 caracteres, o katakana e o hirakana.

O alfabeto hirakana (abaixo) é fonético, composto de 48 caracteres, e é usado para escrever palavras de origem japonesa.

Hirakana Chart 

O alfabeto katakana (abaixo) é também fonético, composto de 48 caracteres, e é usado para escrever palavras de origem não-japonesa.

Tabela de caracteres Katakana

Exemplos de palavras japonesas de origem estrangeiras (devem ser escritas, portanto, em katakana) :
Takushi = taxi
Miruku = leite (“milk”)
Toirê = toalete
Esukareta = escada rolante (“escalator”)
Depato = loja de departamentos
Koohi = café (“Coffee”)
Uísuki = uisque
Karifuorunia = Califórnia

O alfabeto kanji é originario da China. Composto de mais de 4000 caracteres, porem calcula-se que o conhecimento de 2000 kanjis é o suficiente para se ler a maioria dos textos em japones.

A escrita japonesa é uma arte, não basta simplesmente conhecer o desenho do caractere, existe uma ordem certa para se escrever o caractere. Para se escrever a letra “a” por exemplo, a ordem é essa :

Letra a em japones hirakana

Em geral, a regra é essa : o traços horizontais são escritos da esquerda para direita; os traços verticais são escritos de cima para baixo; o caractere é escrito de cima para baixo.
A boa caligrafia parecer ser obrigação entre os japoneses, que zelam muito pela estetica.

Eu, que estudei japones e conheço até bem a arte da caligrafia japonesa,  já vi muitas tatuagens de kanjis, katakanas e hirakanas feitos por tatuadores que nada entendem da caligrafia japonesa. Quase sempre coisas horrendas, mal feitas e até com erros.
Uma coisa importante na escrita japonesa é o equilibrio : cada letra deve ter seus traços em tamanho certo em relação a letra como um todo; os traços não podem ser muito curtos nem muito compridos, não muito grandes nem pequenos.

O ingles no Japão
O ensino do ingles é obrigatório no ensino fundamental, e uma guia me disse que é ensinado por 6 anos, mas não é uma matéria muito rigorosa, ensinada com esmero. Quando o japones termina o fundamental, ele não pratica mais o ingles e quando atinge a idade adulta, já se esqueceu de tudo. Por isso, a maioria dos japoneses conhece muito mal o idioma ingles. Mas, se voce falar em ingles com um japones, ele vai se esforçar muito para te entender e para falar alguma coisa, geralmente muito mal.

Piada do primeiro ministro.
Junichiro Koyzumi era o primeiro ministro do Japão e tinha um encontro marcado com Clinton. Não sabia nada em ingles, mas queria, para parecer simpatico, pelo menos cumprimentar o americano em ingles. Pediu ajuda de um professor, que lhe deu as instruções :

- Quando ele lhe estender a mão, pergunte “How are you ?”, e aí Clinton deve responder “Oh, I´m fine, and about you ?”, aí voce responde “Me too, fine”.


Quando chegou o dia do encontro, Koyzumi, com péssima pronuncia perguntou : “Whou are you ?”. Clinton entendeu “Who are you ?” e pensou que tratava-se de uma brincadeira do amigo, uma gozação, e entrou nela, respondendo “I am Clinton, the man that sleeps whith Miss Hilary “. Confuso e sem entender, Koyzumi seguiu o que o professor havia ensinado, e respondeu : “Me too, fine.”

The size of the din sun.

Din-sun é um bolinho recheado, da culinária chinesa; mas é também muito popular no Japão. Querendo saber qual era o recheio de um din Sun, perguntei a um garçon : “What´s inside the din sun ?” * . Ele respondeu na bucha : “About 2 inch-sized”.

* Não adianta caprichar demais no ingles e dizer “What does the din sun have inside ?”, no Japão é melhor ser bem objetivo, dizer as palavras chaves para ser bem entendido.

Clique aqui para ir ao indice deste blog 

Tokyo–Metro

Metro de Toquio

A melhor, mais barata e mais rápida maneira de se locomover em Tokyo é usando a rede de metrô. Tokyo tem uma das maiores e mais eficientes redes do planeta, e ignorar isso é um grande desperdício.

Eu fui para o Japão com aquela idéia de metro superlotado, com gente empurrando passageiros para dentro do vagão, a fim de fechar as portas. Não é comum, não vi esta situação nenhuma vez.

Tickets

Os tickets são vendidos somente em maquinas (vending machines), fáceis de se usar e entender, pois tem a opção de menu em inglês,

O preço do ticket de metro varia conforme a distância percorrida, antes de comprar o ticket, verifique qual estação você vai descer e o preço correspondente. Em todas as estações, acima das maquinas de vender tickets há um mapa ou índice das estações-destino e o preço de cada uma. Se o usuário pagar a menor, isto é, escolher uma estação perto e descer em outra mais distante (e portanto com uma taxa mais cara), deverá pagar a diferença na estação que descer, pois será barrado na catraca de saída.

Uma vez comprado o ticket e embarcado, o usuário de guardar o ticket com cuidado, pois para sair da estação destino vai precisar dele.

Linhas e Companhias

O metro de Tokyo tem 13 linhas e é operado por duas empresas :

Tokyo Metro Line, que opera com 9 linhas;

Toei Line, que opera com 4 linhas.

Metro Tokyo empresas

Os tickets são integrados, isto é, com um ticket é possível usar as duas companhias, em caso de conexão de uma linha da Toei para outra da Tokyo Metro, ou vice-versa.

Mapa do metro de Toquio / Tokyo metro map

Outras companhias de transporte público

Alem do metro, a JR (Japan Railroads) e outras companhias menores possuem conexões em algumas estaçãos de metro. O ticket de metro pode não ser aceito por estas companhias. Não sei bem como funciona a integração metro-outras companhias.

Smartcard PASMO

Existe um cartão chamado, pasmem, PASMO. Este cartão é um smartcart, recarregável e aceito em todas as estações, independente da companhia.Ele substitui o ticket do metro, e o valor da viagem é descontado no smartcard. O cartão custa 500 yens e a carga inicial é de 1000, ou 2000, ou 3000 ou 4000 ou 5000 ou 10000 yens. Ele é recarregável em multiplos de 10 yens, isto é, você pode recarregar ele com 10, 20, 1000, 1010, 1020 etc yens. O PASMO é aceito como forma de pagamento em várias lojas. É uma boa opção para se economizar tempo, já que com ele não e necessário comprar tickets.

Clique no cartão para ver Video Youtube

Tokyo metro Pasmo Card

Saindo das estações

Antes de usar o metro, consulte mapas, guias, etc. e verifique o número da saída na sua estação destino. Jamais saia sem esta informação !  As estações de metro do Japão costumam ter varias saídas (algumas tem até 15). Algumas estações tem até 500 metros de comprimento, e sair pelo lado errado pode gerar confusão. Portanto, ao chegar à estação destino, você precisa saber qual número da saída tomar, por que se tomar a errada, pode acabar num local muito distante do desejado. Pior dos casos, pode sair do outro lado de uma grande e movimentada avenida ou rodovia, e aí para atravessar ela pode ser um grande problema !

Felizmente, as estações são muito bem sinalizadas, conduzindo sempre os usuarios à saida escolhida. Mas algumas estações são tão grandes que possuem guiches de informação, com funcionários orientando gente perdida dentro da estação, sem saber por onde sair !

 Estacao Shibuya
Estação Shibuya, Tokyo. Um verdadeiro labirinto.

As estações de Metro do Japão são um pouco difíceis de se localizar, em geral são uma pequena cobertura; são mal sinalizadas e as vezes difícil de se ver de longe.

Clique aqui para ir ao indice deste blog

Oda, Toytomi e Tokugawa–a unificação do Japão

Oda, Toytomi e Tokugawa
A unificação do Japão

(leia também : shogun, samurai, ninja…”)

No final do século XVI o Japão estava dividido em diversos feudos, aproximadamente 250, chamados de daimyos. Os daimyos eram hereditários e controlados por famílias (clãs). Havia os grandes feudos, importantes em termos econômicos (os de terras mais férteis), populacionais, políticos, militares, etc. e os feudos de menor importância. A fervura do caldo era na região em torno de Toquio, Osaka, Kyoto e Nagoia, onde se concentravam os feudos de maior poderio econômico e militar. Os daimyos viviam em estado de beligerância, com desavenças acerca de heranças, com questões de sucessão, limites, dívidas,  agricultores que queriam debandar para o daimyo vizinho, etc. Por isso, cada daimyo mantinha um pequeno exercito particular, cujos soldados eram os samurais. O grande temor era de o exercito de um outro senhor feudal poderoso invadir as terras, matar todo clã e tomar conta das terras.

O Nobunaga Oda, Hideyoshi Toyotomi e Ieyasu Tokugawa, poderosos senhores feudais,  formam o trio dos maiores heróis do Japão, por serem considerados os criadores da nação japonesa. Conseguiram à força, unificar os feudos, no sentido de viverem em paz, pagarem impostos, terem projetos em comum, etc.

Nobunaga Oda foi um dos grandes daimyos da história do Japão, responsável por iniciar a unificação do país. Quando faleceu, em 1582, vitima de um golpe de um general de seu próprio exército, Mitsuhide Akechi, Nobunaga tinha unificado os principais feudos do Japão, na parte sul do Japão. Tão logo que tomou o lugar do falecido, Mitsuhide foi deposto por outro general de Nobunaga, Hideyoshi Toytomi, após a Batalha de Yamasaki, ocorrida em 02 de julho de 1582.

Nobunaga foi um excepcional estrategista de guerra, introduzindo técnicas novas de invasão, batalha e defesa. Elaborava planos de batalha, com divisão de tarefas, logística, movimentação e posicionamento de tropas. Foi o primeiro daimyo a utilizar arma de fogo, criou novas armas, ergueu fortificações militares, castelos. Estabeleceu hierarquias dentro do seu exército, promovendo soldados a postos maiores de acordo com suas habilidades e inteligência, enquanto nos demais daimyos a promoção seguia critérios políticos e familiares.

Estabeleceu ainda um sistema de redistribuição de terras do feudo, seguindo critérios justos e técnicos.

Nobunaga também tinha uma vocação comercial, e por isso criou cidades para servir de entrepostos comerciais, mandou construir estradas para escoar a produção agrícola (e também é claro, para movimentar o seu exército com mais facilidade). Nobunaga iniciou comércio internacional, exportando bens para a península coreana, China, Filipinas, Indonésia e sul da Asia. Combateu o monopólio, a manipulação do mercado; estabeleceu leis para regular empréstimos (crédito).

Durante seu reinado, as artes tiveram algum incentivo, surgindo o teatro Noh e a cerimônia do chá.

Apesar de ser uma pessoa extremamente inteligente, culta e refinada, Nobunaga era um ditador sanguinário, implacável com seus adversários. Era ateu, e em 29 de setembro de 1571, mandou atacar uma comunidade xintoísta nos arredores do monte Hiei, próximo a Kyoto, que estavam se organizando para rebelar-se. Enviou um exercito estimado em 30 mil samurais, que devastaram a região, deixando, entre civis e monges, 20 mil mortos.

Hideyoshi Toyotomi foi o melhor e mais brilhante general das tropas de Nobunaga Oda. De origem humilde, acabou tornando-se braço direito de Nobunaga. Vamos dizer assim, começou como office boy e acabou virando o vice-presidente. Com a morte de Nobunaga Oda, seus filhos iniciaram uma grande disputa pelo sucessão do pai no controle do daimyo. A família dividiu-se em duas facções, tendo Hideyoshi apoiado uma delas. Após um breve período de discussões e uma batalha (Batalha de Shizugatake), Hideyoshi acabou afastando os Odas do poder, assumindo o daimyo. A essa altura, Hideyoshi tinha sob seu controle 1/3 do Japão, observando que era a parte mais importante e rica do país.

Toytomi impôs implacável perseguição à Igreja Católica, pois acreditava que uma vez convertido, o fiel poderia ser manipulado pela igreja. Tendo boas relações com os monges budistas, passou a ver o catolicismo como ameaça ao seu poder e ao budismo. Toytomi mandou em 05 de fevereiro de 1597 executar por crucifixação 36 cristãos, este episódio ficou conhecido como “Os Mártires Cristãos de Nagasaki”.

Em 1583 Hideyoshi Toyotomi iniciou a construção do Castelo de Osaka.

Hideyoshi não tinha filhos, e seu preferido para sucessão era seu sobrinho favorito e grande aliado, Hidetsugu Toyotomi, seu braço-direito. Juntos governavam o Japão, com Hideyoshi ocupado nas questões políticas e militares e Hidetsugu encarregado dos demais setores. Entretanto, em 1593 uma das concubinas de Hideyoshi deu luz a um filho, batizado de Hideyori, que passaria a ser o sucessor natural de Hideyoshi, causando grande descontentamento a Hidetsugu. . A partir daí, a dupla Hideyoshi/Hidetsugu passou a se desentender, e em 1595 Hidetsugu foi acusado de estar tramando um golpe para destituir Hideyoshi. Furioso, Hideyoshi eliminou Hidetsugu e em seguida mandou ainda matar toda a família, para evitar futuros problemas. Foram assassinados os filhos, esposas e concubinas, num total de 39 pessoas. Este massacre chocou toda a sociedade japonesa, incluindo os senhores feudais do Japão, subordinados a Hideyoshi. Perdeu o respeito e a admiração de todos, o que contribuiu para sua queda. Curiosamente, após o massacre da família do sobrinho, do clã Toyotomi restou somente o próprio Hideyoshi e seu filho Hideyori. Historiadores são unânimes em dizer que o massacre enfraqueceu o clã, e se Hidetsugu e sua família não fossem eliminados, o clã Toytomi teria mais gente para gerir o poder e perduraria por muito tempo no poder.

Sendo Hidetsugu filho único e não conseguindo Hideyoshi ter mais filhos, eu acho que existe a hipótese de Hidetsugu ser bastardo.

Apesar de seus grandes exércitos e poder, nem Hideyoshi nem Nobunaga foram nomeados Shogun (chefe supremo do Japão) pelo imperador. O shogunato era então do clã Ashikaga, ao qual os dois, pelo menos no papel, e por ordem imperial, eram subordinados.

Japao mapa seculo XVI 
E
m 1582, ao suceder Nobunaga, Hideyoshi tinha sob seu controle quase todos os senhores feudais dos principais daimyos do Japão.

Ieyasu Tokugawa, o mais queridinho (entre o povo japones atual) dos tres, nasceu em 1543 e faleceu em 1616. Foi o primeiro shogun do shogunato da família Tokugawa, que perdurou por 265 anos, de 1603 até 1868. Ieyasu foi nomeado shogun pelo imperador em 1603, mas abdicou o cargo em 1605. Entretanto continuou, nos bastidores, no poder até a sua morte em 1616. Ieyasu é o grande herói do Japão, pois o seu reinado consolidou definitivamente o país, que entrou numa era de paz e prosperidade. Alem disso, Ieyasu iniciou um período de grande ascenção da cultura (teatro, música, literatura, etc).
Ieyasu era filho de um casal de meio-irmãos, da família Matsudaira, dona de um poderoso e imenso feudo (daimyo). Seus pais se separaram, casaram-se novamente e por isso Ieyasu teve vários meio-irmãos. Astuto, calculista, diplomata e ousado, Ieyasu chegou ao poder fazendo alianças com as pessoas certas no momento certo; entre outras estratégias, deixava os adversários se degladiarem entre si sem se intrometer. Certa vez, um senhor feudal adversário planejou mata-lo. Ieyasu descobriu o plano, reagiu e prendeu o inimigo. Em vez de elimina-lo, propos uma aliança, para juntos derrotarem outro feudo, adversário de ambos.

O clímax da vida de Ieyasu foi o cerco ao Castelo de Osaka (1614-1615). A última ameaça ao governo Ieyasu era Hideyori, filho e herdeiro por direito de Hideyoshi Toyotomi, que foi deposto por Ieyasu. Hideyori seguiu vivendo no Castelo de Osaka. Ali cresceu e iniciou articulações para depor Ieyasu, acabar com o shogunato e retomar o controle do Japão. Muitos samurais que se opuseram a Ieyasu se reuniram em volta de Hideyori, clamando o fato de ele ser o verdadeiro governante do Japão, por direito. Inicialmente, as forças de Tokugawa foram vencidas pelos aliados de Hideyori, mas Ieyasu tinha imensos recursos para revidar. Os Tokugawas, com um exército gigantesco liderado por Ieyasu, abriram cerco ao Castelo de Osaka. O cerco durou mais de dois anos, Ieyasu usou um exercito de 50 mil samurais para derrotar Hideyori Toytomi. Mas, a vitória teve seu preço, Ieyasu foi ferido durante o cerco, faleceu e foi enterrado em Nikko Toshogu.

O cerco de Osaka / Osaka Siege
O cerco de Osaka, gravura, c. 1690.

Ieyasu baniu o cristianismo no Japão, expulsando todos os cristão da ilha. Muitos se mudaram para as Filipinas.

Ieyasu construiu um grande palácio em Edo (Tokyo), o atual Palácio Imperial.

A história desses tres clãs (Oda, Toytomi e Tokugawa) é cheia de intrigas, assassinatos, sequestros, traições, haraquiris, alianças, desavenças, casamentos arranjados, batalhas, invasões, etc. O grande vencedor dos tres foi Tokugawa, que acabou sendo nomeado (pelo imperador) Shogun, e iniciou um período de paz e conciliação entre os briguentos senhores feudais.

Mausoleu de Ieyasu Tokugawa em Nikko Toshogu
Mausoleu de Ieyasu Tokugawa, em Nikko.

Clique aqui para ir ao indice deste blog 

terça-feira, 20 de outubro de 2015

Tokyo - Edo-Toquio Museu / Edo-Tokyo Museum


Edo-Tokyo Museum e Kokugikan Stadium

Edo Tokyo Museum / Museu Edo-Toquio
Edo-Tokyo Museum - fonte : Wikipédia
 

 


Ryogoku é um distrito de Toquio, considerado o centro mundial do sumô. Ali se encontram restaurantes especializados em atender lutadores (chanko restaurants) e o Kokugikan, um estádio para 10 mil visitantes, inaugurado em 1985.
Depois da nossa fracassada tentativa de ver um treino de sumo, resolvemos então ir até o Kokugikan Sumo Stadium. Mas parece que os deuses do sumo estavam conspirando contra nós, não queriam  colaborar: lá chegando fomos barrados na entrada. Tinham alugado o local para um evento particular, e sem crachá não entrava. Falei com o porteiro, expliquei que era turista e pedi para entrar somente para dar uma olhadela e tirar fotos. Mas o cara muito gentilmente nos explicou que não podia deixar a gente entrar, pediu mil desculpas (como se fosse ele o culpado).
Tokyo Kokugikan Sumo Stadium
Kokugikan Sumo Stadium - nos fundos, o Edo-Tokyo Museum
 
Tokyo Kokugikan Sumo Stadium

Kokugikan - from wikipedia

 
Kokugikan Sumo Stadium 1
Kokugikan Sumo Stadium
Tokyo Kokugikan Sumo Stadium
Kokugikan Sumo Stadium – entrada

Ao lado do estádio Kokugikan está o Edo-Tokyo Museum, que também estava nos nossos planos, entramos.  O museu é bem diferente e divertido, e os maiores destaques são as maquetes de Edo, a antiga Tokyo. Por fora, o museu se parece daquelas naves espaciais da série Star Wars, mas é preciso de uma grande angular para tirar foto  do prédio inteiro.
 
A maquete do Denkikan Movie Theater (sala de cinema), a reprodução em tamanho natural da ponte sobre o rio Nihonbashi, concluída em 1603; o primeiro automóvel Subaru, a reprodução de uma cozinha dos anos 50 são outros destaques deste museu.
É um museu divertido e bastante interativo. Há guias voluntários em inglês, porem nem sempre estão disponíveis.
 


Nihonbashi bridge -Tokyo Edo Musem
Tokyo Edo-Museum - replica da ponte sobre o  rio Nihonbashi
 

Edo-Tokyo Museum maquete
Edo-Tokyo Museum - maquete

Edo-Tokyo Museum maquete
Edo-Tokyo Museum - maquete
Edo-Tokyo Museum maquete
Edo-Tokyo Museum - bonequinhos retratando uma cena de rua, em eras passadas


Edo-Tokyo Museum Kabuki Theatre / Teatro Kabuki

Edo-Tokyo Museum - Kabuki

Em Ryogoku, coma num restaurante que sirva o chanko nabe (pronúncia.: tyanko-nabê), que é o prato típico do bairro. É um cozido de carnes, tofu, legumes e vegetais; temperados com condimentos a base de caldo de galinha ou de peixe. Acompanha arroz e udon (macarrão japonês). É o prato dos lutadores de sumô, por isso é um prato farto, "bem servido".
 
Chanko Nabe Sumo food
Chankonabe
 
 
Metro : E12 -  Oedo Line / Ryogoku Station
 
 Tokyo metro Oedo Line / Ryogoku Station
 
 

Santuário Xintoísta

Santuário Xintoísta

Uma visita ao Japão sem entrar num santuário Xintoísta é o mesmo que ir até Foz do Iguaçu e não visitar as cataratas. Eles estão em todos os cantos, são pintados de vermelho;  calcula-se que há mais de 100 mil deles espalhados pelo país. Há santuários de todos os tamanhos, pequenos, médios, grandes.

Visitamos alguns templos Xintoistas no Japão. Em Kyoto o mais bonito é o Heian Shrine, e em Tokyo o mais famoso é o Meiji Shrine.

Não confundir santuário Xintoísta com templo budistas, são distintos.

O Xintoísmo prega o panteísmo, que presume a presença de espíritos em todas as coisas do céu e da terra. Assim, existem milhares de kamis (espíritos). As forças divinas se manifestam nas coisas da natureza, na água, no rio, na chuva, na pedra, no vento, nas plantas etc. Um Santuário Xintoísta (jinja, shinsha, jingu, taisha) basicamente é um local onde se guarda uma divindade xintoísta (kami), e ali os fiéis vão para invocar as forças deste kami. Esta divindade é representada por um objeto sagrado que é guardado no prédio principal (honden) Entretanto, alguns santuários não possuem este objeto sagrado, por exemplo, o templo pode estar no alto de uma montanha sagrada, ou quando o santuário é dedicado a uma divindade abstrata, como o vento, a chuva, etc.

Estes são os elementos que compõe um Santuário Xintoísta (em inglês: Shinto Shrine) :

  1. Torii – portal de entrada
  2. Escadaria frontal de pedra
  3. Sandō – pátio de aproximação ao santuário
  4. Chōzuya or temizuya – fonte de purificação das mãos e boca
  5. Tooro – lanternas decorativas, de pedra
  6. Kagura-den – local dedicado a Noh (ou kagura dance)
  7. Shamusho – escritório administrativo
  8. Ema – local para fiéis fazerem pedidos, escritos em plaquetas de madeira
  9. Sessha/massha - pequenos santuários
  10. Komainu – leões guardiões do santuário
  11. Haiden – salão principal, para adoração
  12. Tamagaki – cerca circundando o honden
  13. Honden – hall principal, relicário onde está o kami
  14. Chigi – final forquilhado de telhados, ornamental
  15. Katsuogi – pedras horizontais, para fins ornamentais

    Shinto Shrine - Santuario Xintoista

Desses elementos, os principais são : torii, escadaria, sando, chozuya, ema, haiden e hoden. Quase todos os santuários possuem estes elementos.
Heian Jingu Kyoto - Shinto Shrine - Santuario Xintoista
Heian Jingu Shrine em Kyoto

As lanternas de pedra (tooro) são decorativas, mas eram em épocas anteriores usadas para iluminação. Muitas lanternas foram doadas por empresas ou famílias, e eu suponho que tenham feito alguma contribuição para tê-las nos pátios dos santuários.

Tooroo em Shinto Shrine - Santuario Xintoista
Tooro – fonte Wikipedia

Chozuya at Meiji Shrine Tokyo  - Santuario Xintoista
Chozuya em Meiji Jingu Shrine, Tokyo. No chozuya as pessoas se purificam, lavando as mãos e a boca (por isso, a água é sempre potável no chozuya) antes de entrar no santuário.

Chozuya at Meiji Shrine Tokyo  - Santuario Xintoista
Chozuya em Meiji Jingu Shrine, Tokyo

Koitai Jingu Shinto Shrine Ise Japan 2015 - Santuario Xintoista
Chozuya em Kotai Jingu Shrine, Ise

Ema em Meiji Jingu Shinto Shrine - Tokyo - Santuario Xintoista
Ema em Meiji Jingu Shrine, Tokyo. Aqui os fiéis escrevem seus pedidos aos espíritos, em uma plaqueta de madeira.

Ema  Heian Jingu Shrine em Kioto - Santurario Xintoista
Ema em Heian Jingu Shrine, Kyoto

Komainu e Tori - Shinto Shrine - Santuario Xintoista
Komainu – leões de pedra, guardiões do santuário. Ao fundo, o Tori

Komainu Itsukushima Shrine - Santuario Xintoista
Komainu em Itsukushima Shrine, Miyajima. Ao fundo, o Tori

Tori Gate Heian Jingu Shrine em Kioto
Tori em Heian Jingu Shrine, Kyoto
Santuario em Kyoto-escadaria - Kyoto Shinto Shrine - Santuário Xintoista
Um santuário em Kyoto.

Barris de Saque em Meiji Jingu Shinto Shrine - Tokyo
Em quase todos os santuários Xintoistas no Japão há uma pilha de barris desses, de saquê. São enviados pelos fabricantes, para agradecer aos espíritos da natureza pela safra de saque do ano.

Hakone- Toori em Mt. Komogatake Shrine
Escadaria de acesso, tori, e sando.No fundo o haiden. E a Solange pousando prá foto… em Monte Komogatake Shrine, Hakone.

Clique aqui para ir ao indice deste blog 

 

Tokyo-Kappabashi Street

Kappabashi Dori Street

Para quem gosta de artigos de cozinha, não pode deixar de ir até a esta famosa rua. São dois quilometros de lojas de artigos para cozinha e restaurante. As lojas são todas familiares, antigas,  bagunçadas e entulhadas de coisas. Há lojas nos dois lados da avenida. Fica perto do Sensoji Temple, na Asakusa.

Kapabashi dori street Tokyo Japan
Kababashi dori
Kapabashi dori  Street Tokyo Japan

Kapabashi dori  Street Tokyo Japan mapa
Kappabashi Dori fica perto do Sensoji Temple
Kapabashi dori  Street Tokyo Japan mapa Googlemaps

Kapabashi dori  Street Tokyo Japan metro map
Mapa metro para estação Tawaramachi

Kapabashi dori  Street Tokyo Japan
Solange na Kappabashi Dori Street, Tokyo, Japan

Clique aqui para ir ao indice deste blog 

Monte Fuji e Hakone

2155Monte Fuji e Hakone

Saimos do Brasil com um tour já reservado, para visitar o Monte Fuji (ou Fujiyama). Este tipo de tour, de “1-day-trip” (1 dia de viagem) saiu de Tokyo, e é operado pela JTB-Sunrise, é feito de ônibus, o que tornou o dia interessante pois eu adoro andar de ônibus quando viajo fora do Brasil. O link para comprar o tour é esse:

http://www.japanican.com/en/tour/detail/F880_

O tour nos levou até a 5ª. Estação do Monte Fuji, a 2.300 metros. Foi uma grande decepção (alias, esta viagem foi coberta de lances de azar) pois o tempo estava fechado, cinzento, e não pudemos ver nem fotografar o Monte Fuji.

As estações do Monte Fuji são locais com infra estrutura para os montanhistas. São locais onde quem escala o monte pode se reabastecer de água, alimentação, etc. e pode  pernoitar, usar o banheiro, etc. Nós subimos de ônibus até a 5a. estação.

Monte Fuji statins

Monte Fuji 5a.estacao
Solange na quinta estação do Monte Fuji 

Grupo se preparando
Um grupo de montanhistas faz alongamentos antes de iniciar a escalada

O clima na 5a. estação é festivo, as pessoas todas alegres e animadas, quase todas participantes de um dos vários grupos organizados (como tudo no Japão); todos vão se preparando para dar inicio a subida do Fujiyama. Cada grupo com o seu lider, geralmente um jovem musculoso, que vai passando instruções e comandando o preparo físico de todos. Há muitos aposentados, mas como é periodo de férias escolares, há também muitos adolescentes.

Grupo e lider
Dois jovens (o de bandeira e o de costas) comandam  um grupo de montanhistas de meia-idade.


Em seguida o tour foi a um restaurante bem típico, de cozinha antiga e original do Japão, foi uma das melhores refeições da nossa viagem ao Japão.
Comida- Lake Ashi

O tour seguiu para um aborrecido passeio de barco pelo Lago Ashi. Ele se parece com o Capivari, aqui perto de Curitiba.

Lake Ashi - Japão
Passeio de barco pelo Lago Ashi

Em seguida pegamos um teleférico e subimos o monte Komogatake, 1360 metros de altura. Mas, com o tempo cinzento, não pudemos desfrutar a paisagem lá de cima, de onde pode se ver todo o Lago Ashi. No topo do monte, há um santuário xintoísta, construído em 1964, muito simples e bonito.

Hakone-Mt. Komogatake teleferico

Hakone-Mt. Komogatake Shrine (2)
Solange e eu, numa selfie. Lá atrás, o santuário xintoísta.

Hakone-Mt. Komogatake Shrine

A tardinha, descemos do monte e fomos até a cidade de Hakone, onde  pegamos um trem-bala (shikansen) em e seguimos até Nagoya. Foi divertido ficar ali na estação, vendo os trens passarem a 300 por hora durante a espera da chegada do nosso.

Estação Hakone

Estação Hakone – esperando o trem

Chegamos a Nagoya super cansados e resolvemos comer alguma coisa no hotel mesmo. Pedimos um nabe-udon quente, tava prá lá de bom.

Nabe Yaki Udon

O que nos surpreendeu neste tour foi a obsessão da guia no cumprimento dos horários estabelecidos. Há uma razão para isso: se o tour atrasa, perde-se o trem.

Clique aqui para ir ao indice deste blog