Ama - as mulheres do mar
Ama (pronúncia : ah-má) em japones significa “mulher do mar”, e desde o ano 750 praticam o extrativismo mergulhando no fundo mar, até 10 metros de profundidade, usando nenhum equipamento especial. Trabalhavam em média 4 horas por dia, sob risco de hipotermia, para recolher crustáceos comestíveis e algas. Depositavam a colheita numa tina de madeira, que servia também de boia para descanso entre os mergulhos. Muitas vezes, acidentalmente encontravam uma pérola nas ostras, mas esse acontecimento era fortuito e era como ganhar um pequeno premio de loteria, o objetivo da atividade era recolher ostras comestíveis para consumo próprio ou venda. Havia o agravante de que as pérolas encontradas quase sempre não eram esferas perfeitas, eram pérolas achatadas, disformes.
Uma ama em ação – foto sem data
Não se sabe exatamente por que somente as mulheres praticavam essa atividade, acredita-se que elas tem mais resistência para suportar a baixa temperatura das águas, devido ao fato da mulher possuir taxa de gordura maior que o homem. E também-há uma teoria antropológica em que as mulheres não deixavam os homens mergulhar, defendendo uma espécie de reserva de mercado. Eu acredito no preconceito, de que nenhum homem teria coragem de fazer um trabalho que eles consideravam “de mulher”.
As amas trabalhavam semi-nuas, como pode se ver nas fotos, porem a mídia sempre mostra elas usando uns vestidões brancos. Eu sempre suspeitei daqueles vestidões, fui nadador por muitos anos e conheço o incômodo e a inconveniência de se mergulhar com qualquer tipo de roupa. Ensopada, ela pesa; e além disso provocam atrito com a água, tornando o mergulho muito, mas muito mais cansativo. Um site afirma que as amas usavam essas roupas brancas quando iam ser fotografadas, ou quando eram avisadas de que turistas estavam chegando para observa-las, e se cobriam de branco apenas por pudor. Porem o site da Mikimoto (empresa de cultivo de pérolas) afirma que a empresa é que exigia o uso dos vestidões. Enfim não sei dizer ao certo, mas creio que em determinado momento passaram a se cobrir com vestidos.
A atividade perdurou fortemente até o final dos anos 60, quando começaram a surgir técnicas modernas de pesca marítima. Também contribuiu para o fim desta profissão o contínuo e descontrolado extrativismo, que fez com que os frutos do mar em águas rasas tornassem cada vez mais escassos. Hoje restam poucas amas, quase todas trabalhando na baia de Ise.
Nós fomos almoçar num restaurante tocado por um pequeno grupo de senhoras, todas septuagenárias, antigas amas. Na verdade foi a nossa guia que nos levou até lá, e nos informou que os produtos servidos tinham sido colhidos por amas na manhã daquele dia.
Uma senhora, ex-ama, prepara nosso almoço de crustáceos assados
Os japoneses tem certo orgulho em ter em sua história mulheres mergulhadoras, trabalhadoras do mar. Apenas no Japão e na Coreia existem este tipo de trabalhadora.
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